Em busca

14 dezembro 2010

"Caminhada...

"Desde que comecei a andar para o outro lado
  meus passos ficaram muito mais cansados.
  Talvez pelo arrastar desinteressado de ir
  por não ter onde chegar.
  Aquele ímpeto de seguir
  aquela força que impele
  pois é impossível parar
  e assim já fiz milhares de metros.
  Olho sempre para os lados
  muito pouco para trás
o que passei, passou
  Seca-se o caminho as vezes,
 outras escurece e chove,
 mas aquela mesma força que impele
 também pesa em meus ombros
 e mais difíceis se tornam os passos
 Mas e se eu simplesmente deitar?
 Será que ainda sim estarei andando?

 

30 novembro 2010

"O remédio...

"As vezes                                                      sei,
 outras penso que                       sei,
 quase sempre não                                sei.
 Nas vezes que pensei                 saber,
 na verdade não                                                          sabia
 e quando pensava não                                saber
 a resposta aparecia.
 Agora se você me perguntar
 o remédio pra esta doença,
 eu vou dizer que cansei.
 Pois o mesmo que me cura
um dia ainda vai me matar
Mas nem mesmo isto ao certo
eu                                               sei."

PS: Na maioria das vezes o                              SABER
          foge fácil de mim.

11 novembro 2010

"Pós-pleito...

"Ouvi calado,
  sem reagir,
  pois a reação
  não habita em mim.
  Comi o doce
  de uma grande medida
  que depois tornou-se amargo
  quando em meu interior.
  Olhei sem lágrimas nos olhos
  para o seco que se formou
  nas frases mortas escritas
  em telas de computadores
  De um lado o preconceito tosco
  de outro , outro mais elaborado,
  mas ainda assim trazendo odores
  de uma ferida que nunca curou."
 
 

22 outubro 2010

"Mochilas...

"Atraquei meu barco em um porto de palavras
 eram tantas e tantas variedades
 que o barulho enlouquecia quem com elas não
 se acostumava.
 Pensamentos vendidos aos kilos,
 metros de idéias
 litros de sentimentos.
 Não estava só neste lugar, muitos outros
 também enchiam suas mochilas
 na esperança de levar ao mundo seco
 uma chuva de poemas.
 Ainda encontro vez ou outra
 algum mochileiro
 disposto a trocar os artigos
 que preenchem suas mochilas.
 Por que você escolhe tão bem?
 Rio de mim, quando penso deste jeito
 pois é o mesmo que ouço de você"

29 setembro 2010

"Disformes...

"Eu e você
somos peças de quebra-cabeças
andando por tábuas de mesas,
por mesas de mármore
sem contudo encontrar nossas caixas.
Temos nosso colorido,
temos nosso preto e branco
mas não achamos o encaixe perfeito
e cada vez que o forçamos
violentamos a nós mesmos
e mudamos nossas formas.
Um dia quem sabe quando  encontrarmos
as peças que serviriam ao nosso redor
seremos nós que já não mais serviremos
no espaço que era para ser o nosso."

14 setembro 2010

"Talvezes...

"...de se em se, muita gente deixou de ser.
 E por tantos talvezes que nunca acontecem
 passaram as chances sem serem percebidas,
 tal como águas escorridas
 impossíveis de se juntar..."

26 agosto 2010

"Entre-linhas...

"O que eu quero dizer
Depois de tanto tempo
nem sempre é o que eu digo
aprendendo a ler
Se eu procuro te entender
palavras nas entrelinhas,
enrolo-me em tuas linhas.
agora não mais consigo lê-las
Não seria mais fácil apenas dizer,
em suas linhas comuns..."
Esta é minha última linha.?

18 agosto 2010

" Janelas...

"Ah, porque voce me olha assim?
Olhos que perscrutam minha alma e
julgam sem querer.
Verdades que nao se escondem
que se medem,
que excedem.
Ah este semblante conhecido
tao mudado pelos dentes deste tempo
que a tudo e a todos consome.
Fecho meus olhos para nao te ver
mas toda manha estas ali,
enquanto escovo meus dentes
quando arrumo meus cabelos,
enquanto escolho minhas roupas.
Ah janelas da alma,
porque sao tao inclementes?
Porque nao fingem que aceitam
as minhas desculpas no espelho?"

14 agosto 2010

"Ser eu...

"É preciso coragem para se admitir
que é covarde
É preciso ser cego para enxergar-se
por dentro
É preciso ter fome para se entender
o alimento
É preciso ser cedo para sentir falta
da tarde.
Mas é preciso ser eu
para compreender isto tudo."

22 junho 2010

'Invernos...

"Chega o inverno
tudo escurece
o sol mais cedo se põem.
As lágrimas secam agora mais tarde
mas há vida latente
nas raízes que estão escondidas
aguardando a primavera chegar.
E então velhas esperanças e novos sonhos
crescem e dão frutos,
aprendendo que novos invernos virão
e que é inevitável chorar
o que faz o fruto mais doce
e que o ensina a desfrutar."

13 maio 2010

"Breve fim...

Se sei ou penso que sei
nada mais me resta ouvir
conselhos batento em pedras
não me farão refletir.
Se errei ou penso que sim
nada mais resta fazer
palavras saindo com raiva
não te farão me ouvir.
Se a hora chegou
que seja então o fim
que seja breve
e traga paz em mim.




termina

11 abril 2010

"Daniel da Fé...

Daniel Da Fé era seu nome, nome que soava estranho para aquele jovem que não acreditava em nada, seria mais apropriado se o chamasse de Daniel sem Fé, mas Da Fé era nome de família, nome que veio nas caravelas de Cabral, segundo contava seu bisavó e a comunidade que ele havia encontrado no Orkut. Dezoito membros na comunidade, ou os Da Fé não gostavam das
modernidades que a tecnologia oferecia, ou não gostavam mesmo era de se multiplicar segundo o mandamento divido e católico, algo improvável, pois até onde Daniel se lembrava todos desde seu tataravô eram seguidores fiéis da Ordem do Santo Ofício, tradições medievais os seguiam.
Se alguém quisesse ver Daniel irritado, bastava fazer brincadeiras com seu nome, principalmente se a conversa era séria. Sempre tinha alguém com espírito de porco para escarnecer, “Se você não tem fé peça ao Daniel que ele Dá”- risos e mais risos – menos Daniel que tinha que ser contido para não sair distribuindo sopapos a torto e a direito.
Certo dia Daniel perdeu a hora para seu trabalho, não que houvesse dormido fora do seu horário estabelecido rigidamente por ele mesmo, nem que tivesse feito qualquer outra coisa que o deixasse com todo este cansaço, mas simplesmente não ouviu seu despertador, ou melhor, seus
despertadores, pois Daniel não confiava em um só, dormia logo com três, um ao lado da cama, outro sobre a cômoda e ainda um terceiro embaixo do travesseiro, para não correr nenhum perigo de perder a hora. Impossível os três terem falhado, logo hoje, que se chefe, havia pedido para que ele chegasse sem atrasos para uma reunião que escolheria seu sucessor, e ah como Daniel almejava este cargo. O que poderia ter acontecido?

Daniel ficou paralisado quando abriu seus olhos, não conseguia acreditar no que estava vendo, aquele lugar poderia ser qualquer lugar, mas com certeza seu quarto não era. Era uma sala ampla, toda branca e alcochoada, na verdade parecia feita de algodão-doce. Ficou embasbacado por mais alguns instantes, até tomar coragem e colocar seus pés no chão. Quando tocou, sentiu um calor percorrer todo seu corpo, não um calor de chapa quente, mas um calor de um banho após a chuva, um calor envolvente, como um abraço. Pôs-se em pé totalmente e começou a caminhar, seus olhos encheram-se de lágrimas e começou primeiro a sorrir, depois chorar, então tudo ao mesmo tempo. Pulava , saltitava, gargalhava, dobrava suas pernas e as estendia. Correu, sentindo o solo macio, quando notou que a sala não tinha fim, para onde quer que ele olhasse enxergava o infinito. Sentiu-se menino, pode parecer tolice, tanta alegria, desculpem por não contar-lhes antes, Daniel havia perdido o movimento das pernas ainda na infância, e
isto havia causado todo o amargor, não acreditava em nada, pois não via justiça em uma criança ser roubada em sua infância, roubada das brincadeiras, das alegrias, da normalidade. A quanto riso ele ouviu, dedicou sua vida a achar respostas e nunca as encontrou. Quando seus pais perderam a esperança na medicina, levaram-no a toda sorte de curandeiro, pastores, grutas milagrosas e nada surtia efeito, o que fez com que Daniel, da fé ,tivesse apenas raiva e rancor. Mas agora o que isto importava, ele estava correndo novamente, pulando , brincando. Daniel não estava pensando em mais nada, pensava apenas em suas pernas se movendo. Foi quando uma voz, não soube exatamente de onde, começou a chama-lo e dizer: “Daniel agora você acredita?”, “O que houve com sua desconfiança?”. Suas pernas começaram a sentir pequenas pontadas, o chão ficou menos macio, a sala menor e mais escura. “Daniel, isto está acontecendo realmente?”, “Você por acaso acha que isto será para sempre?” . Agora havia perdido quase todas as forças e mal se mantinha em pé, o chão eram cacos de vidro, podia ver as paredes escuras e ásperas, até que caiu , desabou sobre suas pernas, sentiu uma dor aguda, não nos seu membros inferiores, mas em sua alma, toda sua alegria foi embora, como uma névoa que se dispersa ao sol.

Daniel fechou os olhos. Quando acordou, estava ainda em sua cama, naquele seu mesmo quarto, viu os mesmos quadros que havia ganhado de sua avó materna e reconheceu em um deles, o local com o qual havia sonhado, teria sido mesmo um sonho? Pareceu tão real, o Da Fé agora recusavas-se a acreditar que aquilo não tinha mesmo acontecido, colocou toda força em seus braços e sento-se na cama, reconheceu no tapete felpudo o chão macio do seu sonho e naquele momento, Daniel teve fé, não sabia nem mesmo de onde, preparou-se para dar um impulso, quando reconheceu uma voz familiar dizendo :


“ Você tem certeza disto Daniel?”, “Porque depois de tantos anos você conseguiria? Não seja tolo” .
Uma dor esmagou seu coração, pois reconheceu aquela voz, era ele mesmo, era sua falta de fé. Mas não agora, não hoje. Empurrou as mãos contra o colchão com violência impulsionando seu corpo para frente. Daniel estava em pé, ficou nesta posição por três segundos e despencou, bateu com sua cabeça contra o trinco da porta. Ficou deitado por muito tempo, tanto que parecia um dia todo. Firmou suas mãos no chão, como quem vai fazer flexões levantou seu corpo, dobrou suas pernas e em um salto ficou de pé. A voz não dizia mais nada, onde estava ela agora? Daniel queria rir na sua cara. Quando abriu os olhos porém, viu que havia voltado para dentro do quadro, não sentia mais medo, ninguém mais iria rir dele, havia voltado a ser menino, não duvidava mais, estava em um lugar onde aquela voz jamais o
alcançaria novamente. Coisas da fé.

22 março 2010

"Quebra-cabeça...

"Ando cansado do tédio,
das mesmas conversas
dos mesmos livros
dos mesmos filmes
Quando se fica mais velho
é tudo assim mesmo tão repetido?
Não responda,
talvez você não envelheça
se apenas erguer a cabeça
compreendendo a marcha e seguindo em frente
sendo ingênuo e inocente
montando seus quebra-cabeças."

01 março 2010

"Presente ausente...

"Quero ser sacudido
ser transbordado
atrapalhado.
Quero ficar tonto,
seguir como um tolo
e o que seria isto senão amar.
Quero ser consertado
despedaçado
e encontrar meus pedaços
nas mãos de alguém
que seja a coisa certa
que seja a mesma coisa
ou algo que eu mesmo nem sei.
Quero bater de frente
quero um acidente
quero ser cuidado
Não quero mais ser um presente ausente"

20 janeiro 2010

"Sub_objetivo...

" Amo o que é subjetivo,
desde que isto tenha um objetivo final..."

"O menino...

"Agora estou rindo de mim,
por ter brigado com o menino
chamando sua atenção sobre o breve da vida.
Ele que não me ouvia
entorpecido por suas ilusões
foi lembrado que só tem o agora.
Zangou-se o menino,
colocando as mãos sobre os ouvidos
e eu ali enternecido com pena do menino que sou.
Não vou desistir da corrida
vou combater meus combates
e se achar que errei o caminho,
tudo bem, vou ser novamente um menino
e meu conselho ouvirei."