Em busca

14 novembro 2006

"1958...

"Vim passear por aqui
viver eu vivi
neste tempo todo errado
colorido e moderno
quando tudo o que eu queria
era o preto e o branco.
Não tenho como parar
como em um esteira
a vida me empurra para frente
mas meus pensamentos
não são daqui
não são para esta hora
nem mesmo para este século.
Seria melhor pessoa
se não tivesse vivendo agora
mas antes
num tempo que não conheci."

16 outubro 2006

"Mortos..."

"As margens dos rios da babilônia,
assentado chorei,
pois não havia um que me respondesse
não havia sequer a esperança de um vento suave.
Soluços, gritos , gemidos
dores que me contorciam o ventre,
estive só.
Bradei, como criança que busca o seio materno
mas leite, este não encontrei.
Os meus sonhos morreram um a um,
quando dei de cara com o mundo
e ele não sorriu para mim.
São lamentos sobre mim mesmo,
vergonha do desânimo
o qual deixo que me abata.
Mas se eu quisesse , poderia resitir a ele?
Sinto-me pesado, arrasto meus mortos,
eles apodrecem agarrados a mim.
Seu odor faz com que mais lágrimas saiam
e meus olhos cegos
nem mesmo o brilho do sol podem mais ver.
Por que está abatida você minha alma?
Queria rasgar minha carne, deixar vazar a vida
começar tudo outra vez.
Mas como a chuva que tantas vezes cai sobre a terra seca
acabando por endurecê-la.
Assim são os lamentos que caindo sobre o coração."

06 outubro 2006

"Evanescere..."

"Houve sim um tempo
o qual eu vejo
voltando um pouco meu rosto para trás.
Onde as dúvidas faziam sentido
e eram aceitáveis
pois pensavam que elas se desfariam como nuvens
após o temporal no verão.
Mas agora, tenho que gurdar tudo para mim
pois ninguém compreenderia,
um homem,
ainda com estas dúvidas.
Meu amigo, onde está você?
Estou saindo com meu barco deste porto
sem provisões
sem mapas
o mar imenso,as estrelas
e a solidão.
Vou encontrar algum ponto
e flutuar
até que o cansaço me tome
e meu corpo encontre um descanso
nas profundezas.
Houve um tempo sim,
mas mesmo virando um pouco
já não posso tocá-lo.
As imagens estão se perdendo
os nomes se desvanecem em minha mente
só não some esta nostalgia
deste tempo que sei que houve sim.
Você consegue ouvir?"

05 setembro 2006

"Orfãos...

"Tento entender mais minha mente não alcança.
Como são esquecidas as maçãs que caíram durante a colheita,
como aqueles que tanto tempo gastaram,
semeando, preparando, colhendo,
agora as consideram sem importância
e as deixam caídas no chão.
Serão pisadas, sujas
infestadas por toda sorte de pragas
esperando por uma mão que se estenda
com seus olhos voltados aos galhos de sua origem
que agora não as querem mais.
Minha mente não alcança,
como os olhos passam sobre elas
e ninguém as quer,
cada um prefere produzir as suas
ou querem somente as mais novas
não se importam se elas apodrecerem,
basta desviar o olhar e elas sumirão
ao menos de seus olhos
porque em suas consciências
sempre as carregarão..."

10 agosto 2006

"Preconceito...

"Odeio a morte que a fobia causa.
Não suporto ver ninguém sofrendo,
pela visão míope dos que se pensam melhores,
porque tem mais, porque tem menos
mais dinheiro, menos peso
mais conhecimento, menos melanina
Beleza? Estética podre padronizada que nos cega
e a ela seguimos como cordeirinhos atrás do leite.
Não suporto o preconceito,
o velado e o exposto
o que se demonstra em brincadeiras, nos apelidos,
não quero ouvi-los,
não vou rir buscando sua simpatia,
de pessoas assim não quero nada
a não ser a distância.
Olhe pra você, diga, o que vê?
Se olhar com sinceridade e coragem
verá que deveria ter medo e desprezar somente você."

03 agosto 2006

"Ojos abiertos..."

"Que o meu grito ecoe
e acorde os que se acomodam
como um dia me acomodei.
Que rachem as crostas, que rompam-se as represas
e lavem todos os que como eu andam sujos
mas não se vêem assim.
Grito porque dói e não sei guardar a dor
não sei andar mancando,
arrastando os pesos que eu mesmo atei a mim.
Fujam, afastem-se
procurem abrigos,
mas não esperem que sejam esconderijos.
Busquem a si, conheçam a si
as descobertas abrem os olhos
mas não reclamem do que vêem
isto é apenas você."

"Areia e sequidão..."

"Eu quero tocar em mim mesmo
sem sentir-me culpado
por alcançar o espaço.
Quero ser menos hipócrita
deixar de mentir para mim mesmo
e me regozijar com os louvores que recebo.
Como sou bom, eu rio disto
Ah se soubessem o que os mantos encobrem
o que passa em minha mente,
o que meu coração deseja.
Não vão me impingir
a forma que querem
Não vão me forçar a nada
Vou encontrar a volta
Volta? Para onde? Se não lembro de onde saí?
Não quero voltar, quero um caminho novo
uma nova estrada, onde encontre o arado que me fará não olhar para tráz
onde veria a destruição que deixei
em mim mesmo
e em todos que se atrevem a se aproximar de mim
pensando verem uma fonte
encontraram areia e sequidão."

29 julho 2006

"Presente geração...."

"Honram-me com seus lábios,
mas seu coração está longe de mim.
Fazem longas orações afim de justificarem seu roubos
suas mentiras, seus adultérios.
Não pedi isto, não queria que por pretexto de me amarem
odiassem uns aos outros
com bombas, com ferocidades.
Bestas feras, irracionais, tornam seus cultos odiosos a mim.
Quando suas mãos se estendem em minha direção viro minha face
meus olhos não comtemplam esta hipocrisia.
Misericórdia quero, cuidem dos orfãos , das viúvas,
não holocaustos.
Geração de fariseus, precedidos por prostitutas e meretrizes.
Não quero suas lágrimas secas, desprovidas de sentimentos verdadeiros,
afastem de meus ouvidos o estrépito barulhentos de suas harpas
Seu cheiro sobe as minhas narinas e meu estômago se revolta.
Inclinem seu coração a mim, coloquem suas faces no chão,
mas não façam isto diante dos outros,
se fizerem, já receberam sua recompensa.
Conheçam a mim, o único, o verdadeiro,
conheçam a mim o simples e justo.
Quem vos requereu o só pisardes nos meus átrios?
Seus sacrifícios são como porcos sobre o altar
abominação, sobre a qual meu fogo de aceitação não virá
se não mudardes enviarei fogo sim mas será o de juízo.
Levantai o fraco, fortalecei o trôpego,
acolhei o débil, talvez assim me torne favorável a ti.
Não me alegro com que vejo, aduladores uns dos outros
amantes dos prazeres e riquezas,
prostitutas que não se satisfazem
olhos vorazes
Hipócritas
Sepulcros caiados, podres por dentro.
Conheçam a mim , conheçam o caminho da graça
e saibam o que significa misericórdia
se realmente é a mim que querem e buscam."

16 junho 2006

"Subindo o rio..."

"Parece fácil ser alheio
não se importar com os tormentos,
fechar os olhos para o reflexo e
andar contra a luz.
Mas dói demais ser um pequeno pedaço
dói aprender a ser pequeno.
Vemos a nós mesmos, grandes e sábios
somos tolos então,
pois eu que não sei, também não penso que sei
Sócrates disse isto, muito tempo atrás.
Vou escolher o difícil, não sei exatamente o que vou colher.
Mas não importa, vou subir o rio mesmo assim.
Sei que são frias as águas
talvez minha alma congele, mas eu duvido.
O calor da disputa comigo mesmo,
com meu ego vacilante
vai aquecer meus sentimentos
e abrir totalmente meus olhos
mesmo que a luz me cegue.'

12 maio 2006

"Um Toque..."

"Ouvi o vento passando entre os galhos
Fechei meus olhos
Uma imensidão apoderou-se de mim
Um espaço brilhante em meu ser
Um aquecimento como sol em uma manhã de inverno
Aconchego
Não parecia fazer parte deste mundo
Todas as lembranças vieram de uma vez
E eu quase pude tocá-las, como se mergulhasse nelas
Senti um abraço terno , envolvente
Foi como se um êxtase religioso, uma epifania me tomasse
Paz, paz, muita paz em meu coração
Levantei meus olhos procurando por algo palpável
Nada vi
as estrelas da noite invernal que estava iniciando."

10 março 2006

Absinto...

" Mergulho no verde profundo
no ventre do absurdo e me embriago
do que sinto , com meus olhos embaçados
pelo absinto e por um momento não me importo.
Sonhos tortos, desejos torpes
consigo ser tão raso e mesquinho
que as vezes não reconheço em mim
a máscara que constantemente uso.
É tão pouco o que eu quero,
desligar minha mente do trivial e ser complexo,
mas nada espero, preciso de ouvidos
preciso de olhos
preciso de uma alma maior do que a minha
onde possa acumular todos os que quero ser
uma só vida é pouco pra tudo que eu preciso viver
não é possível que isto seja tudo
não é possível que o brilho seja tão efêmero, fugidio
que meu corpo não o absorva e o retenha
acho que devo ser raso, mais , muito mais do que penso´.
Águas verdes nas quais me afogo
e quando acordo
vejo a verdade, até o próximo copo."

28 fevereiro 2006

"not taken..."

"Parado diante de dois caminhos
resolvi seguir o menos percorrido
a grama não tinha trilha
as pedras tinham limo.
Segui por horas,
pensei em voltar,
mas não havia mais como
não existia mais o outro caminho
alguém já o havia tomado pra si
e estava vivendo aquela vida,
nunca vou saber se era melhor
mas tenho que aceitar
que a cada dia dois novos caminhos surgem
e novamente a minha escolha fará toda a diferença..."

12 janeiro 2006

Donos da minha mente...

"Todos sabem o que é melhor pra mim,
são vários dedos apontando o caminho,
parece tão fácil decidir pelos outros.
Querem ser donos da minha mente,
da minha vontade,
mas ninguém vai me levantar se eu cair,
ninguém disposto a andar a segunda milha.
Olham de longe, olham por cima,
mas se estivessem perto,
se enxergassem dentro,
não haveria quem pudesse abrir a boca.
Prefiro caminhar por mim.
Meus passos, minhas decisões,
meus erros, mas são meus,
mesmo que depois tenha que ouvir ,
todos dizendo: -eu avisei."

11 janeiro 2006

Not mine...

"Quando a neblina dispersar
na luz amena da manhã....
O sol rondando sem chegar,
sinto o tempo se arrastar
a estrada ri de mim
do meu desespero...
longe de você, longe demais pra te esquecer...
Saudade é tempestade que fecha o verão
é o último suspiro da paixão.
Mas hoje eu sei que volta sempre o sol...
Na companhia de um bom livro e um violão
vou vivendo com a minha solidão."

(Renato Acarahy/Alexandre Castilho/André Aquino/Victor Pozas)

10 janeiro 2006

Estrada...

"Por que te amo tanto,
você que é longa e sem fim
que me convida
acena
transforma meus pensamentos,
transtorma meus sentimentos.
Penso enquanto te sigo,
sigo as setas, os sinais
persigo teu fim que nunca chega,
assim acredito mas sou empurrado a ele.
Queria caminhar,
mas me vejo correndo
pressionado, assustado
o tempo é teu aliado
meu inimigo
Gosto da tua forma de sussurar em meus ouvidos
me enlouquecendo, ensurdecendo.
Sou mais verdadeiro quando te sigo
reconheço o meu ego,
paro apenas por momentos,
alguém passa por mim,
voando
é apenas mais um te seguindo."

07 janeiro 2006

Domínio...

" Não sou seu dono
eu sei.
Não tenho direito algum,
sei disto também.
Mas não consigo fugir deste domínio,
minha mente não pesnsa assim.
Quero saber dos seus passos,
sigo o compasso que o coração me obriga,
Sinto ciúmes.
Queria ser diferente, menos criança,
mas não existe esta chance
e então me entrego,
isto é tudo o que tenho,
ponho meu coração em tuas mãos,
fico vulnerável, entro no seu domínio
estou cercado
então me entrego
e sei que não sou seu dono."