Em busca

17 abril 2007

"33...."

"Aos trinta e três do segundo tempo
o jogo está quase no fim
e o adversário tem alguns gols a mais.
Aos trinta três um homem
mais que um homem
subiu um monte
não para avistar a paisagem
que antes tantas vezes admirara.
Aos trinta três trazia o peso do mundo nas costas
respondia por todos, menos por ele
e o peso do mundo deixando marcas
cicatrizes.
Aos trinta e três um homem não sabe seu rumo
anda vagando sem sentido
não o homem que subiu o monte
mas um bem desconhecido.
Aos trinta e três um ganhou de presente um madeiro
o outro banalidades e uma vida vazia da verdade.
Um aos trinta e três transpassado
vituperado e pisado por todos
outro a si mesmo pisa.
Um espera pelo outro,
um braço aberto , um outro cruzado
um sangra e chora, o outro chora e sangra
Aos trinta e três outra chance
de que a morte traga um novo começo."

13 abril 2007

"Os Muros e O Rio..."

"Para onde quer que eu virasse
somente muros eu via,
enormes paredes de bronze,
com alguns tijolos de ouro.
Tudo era quente, um calor sufocante
não podia tocar em nada,
apenas a espera
de que água fresca viesse de algum lugar
ou quem sabe um vento impetuoso.
Mas nada acontecia.
O chão derretendo sob meus pés
como pasta de prata
e nenhum lugar para que se pudesse agarrar
Acima de mim, apenas o céu de cobre
dourado reluzente da tarde
cada vez mais escaldante.
Quando achei que morreria
meu corpo virou interno
e milhões de olhos se abriram
e vi centenas de portas abertas, por onde entravam
o vento a água e a escolha.
Toda parede virou esmeralda,
o céu diamante e o chão meu tesouro,
mãos me alcançavam
e me levavam para fora daquele lugar, diretamente para O Rio
onde os milhões de olhos eram lavados
e meu interior encontrava descanso."