Em busca

31 julho 2015

"Para ele vazia

"Sentado,
 seus olhos fitos
 naquela garrafa vazia.
 No copo o último gole
 e ele viajou...
 ...lembrou da primeira vez que a viu
 cheia, com aquele líquido brilhante
 suave e doce...
 ...lembrou de toda alegria que tiveram
 juntos a cada gole.

Agora estava ali, apenas aquele resto
que ele relutava em beber
guardava já há um bom tempo
servia apenas para olhar e lembrar.

Mas resolveu esvaziá-la, mesmo sabendo que era a última vez
De que adianta guardar o último gole, a última alegria
Queria senti-la uma última vez ao menos

Pensou em misturar, o que quer que fosse
para fazer durar mais, mas sabia que não seria o mesmo
mas uma ilusão, algo que ele já havia tentado antes...

Bebeu, respirou fundo e a deixou ali vazia...
...no fundo sabia que a mágica a faria encher-se novamente
mas não para ele, seria para outro alguém
outro somente poderia se alegrar bebendo dela...
não mais ele...ele teve seu tempo
e com ela se alegrou
mas acabou...

Um comentário:

Edna Hornes disse...

Há muito tempo fiquei de comentar este poema. Não quis não sei bem a razão... Acho que minhas palavras se dirigem sempre pro mesmo lado, o olhar que tenho sobre isso. Nao escrevi porque sabia que haveria dor na resposa.

Respondo, então. Escrevi em 2009 um pequeno texto que resume o que penso:

Sim, é triste enterrar flores.
Mas mais triste é regá-las mortas.