Em busca

26 março 2012

"Coração teimoso...

Como as tintas de um quadro antigo
foi se apagando aos poucos,
descascando,
tornou-se impossível de ver.
Era antes tão vivo e real
agora passaria sem ser notado
ao mais atento olhar.
Foste chama,
agora és cinza
foste tudo e agora é morto
era meu, agora é outro.
Aguardo ainda teu retorno
mas me disseram outro dia
que não voltarias
nem hoje, nem nunca mais,
porém meu coração teimoso
experiente mas tolo
não aceita acreditar
que algo que fosse bom
poderia um dia findar.

3 comentários:

Edna Hornes disse...

Fiquei pensando sobre teu poema...

O que pode ser menos pior quando o barco está afundando:
1) acreditar e esperançar que algo aconteça que o impeça de afundar e ficar ali dentro, embora a água já esteja atingindo teu peito;
2) esperar que ele afunde, e só então, vestir o salva-vidas. Assim, ninguém vai achar que não fiquei até o fim;
3) sair antes de correr mais riscos do que os que já corri e saber que alguns, injustamente, vão julgar tua atitude e se afastar de você.

Deve haver mais alternativas, mas só pensei nessas. Enfim, é a merda.

Pensei também numa frase que me disseram, e apesar de ser lugar comum, é verdadeira: a esperança é a última que morre. Mas cuidado, você então morre antes dela.

Desculpe o comentário cheio de desgraças, mas devo dizer que o texto me lembrou um túnel sem saída de um corredor escuro pelo qual a gente, por alguma razão louca, insiste em seguir. É um grande texto, muito sincero, dolorido e intenso. E no comentário acabei falando só de dor. Talvez porque não haja espaço para esperançar.

Übermensch disse...

Talvez....

Edna Hornes disse...

Reli meu comentário e fiquei pensando: mas que monstra!

:s

Desculpa a monstrice...